Você é emocionado?
Beatriz Ferraz
Recentemente um novo termo surgiu para denominar as pessoas que demonstram seus sentimentos afetivos de forma mais explicita, as pessoas emocionadas. São aqueles que preferem deixar claro o que sentem, se entregam a vulnerabilidade e assumem o risco de expor seus sentimentos sem a garantia de serem correspondidos.
Embora os filmes e novelas representem o amor romântico, com histórias idealizadas e príncipes encantados, na sociedade essa realidade é bem recente. A pouco tempo atrás as relações eram baseadas em acordos e vantagens e nada tinha a ver com juras de amor e paixões eternas. As emoções eram então colocadas como algo supérfluo destinada a amores clandestinos ou platônicos, mas que estavam fadados a não acontecer, pois os interesses financeiros ou articulações políticas e sociais vinham na frente.
Alguns escritores como Shakespeare e em nossa literatura Machado de Assis falaram sobre amor, sentimentos, relações e entrega. Foram obras que ajudaram a sociedade a perceber que a relação a dois poderia ir além de acordos e contratos, dando espaço para os sentimentos. Passamos a valorizar o afeto e a dar lugar para um sentimento intangível, que não dá garantias, mas que alimenta a alma. Assim, viver uma história de amor passou de idealização para realidade.
O amor sendo então algo efêmero e sem garantias fez com que por medo de sofrer nos fechássemos, não conseguimos suportar o fato de estarmos vulneráveis, de nos lançarmos no abismo sem paraquedas. Amar alguém não significa ser amado de volta e para nossa mente esse é um grande risco. Então fica um alerta pulsando em nosso íntimo dizendo “não demonstre tanto”, “não se entregue tanto”, “não diga o que de fato você sente”, “não se exponha”, “fique em segurança”. Como se o fato de demonstrar afeto fosse uma desvantagem e aí começa o jogo de quem se importa menos. Deus me livre de o outro achar que eu estou apaixonada e que por isso ele tem vantagem sobre mim.
É como viver embalado em plástico bolha para não correr o risco de sofrer.
Para mim, essa condição é o oposto de viver, porque estar vivo é sentir. Não dá para escolher viver só a parte boa das experiências. Vamos sofrer, chorar, morrer de medo, sentir angústia e desilusão, no entanto se não nos arriscarmos também não poderemos sentir a felicidade, a euforia e as borboletas no estômago. Se ser emocionado é demonstrar meus sentimentos então sim, sou emocionada. Eu digo que amo, que gosto, que quero, que sinto saudades e todas as outras coisas que me tornam humana. Não que eu seja inconsequente ou deixe que qualquer pessoa faça morada em meu coração, mas a partir do momento em que eu convido alguém para entrar será para sentir, seja o que for, sobretudo o amor.
Que você possa viver sem plástico bolha.
Grande abraço cheio de amor!
Bia


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