Pensa, fala e depois me conta
Stefany Freu
Dizem que existem dois tipos de pessoas no mundo. As que costumam pensar além da conta antes de falar e as que geralmente falam sem sequer considerar o exercício de pensar. Provavelmente, ao ler isto você prontamente se colocou em uma das pontas dessa gangorra mas penso que talvez encarar os verbos pensar e falar em uma relação de contraponto como esta não seja lá a melhor análise sobre o comunicar das pessoas.
Percebo o fragmentar como uma tendência que se coloca diante da investigação sobre como as coisas se dão, mas nesse caso e em muitos outros não é no um por um que se encontram respostas nem encadeamentos que interliguem questões com resultados exatos. Quero dizer o seguinte, determinar se você tende a pensar mais do que falar ou a falar menos do que pensar indica apenas uma coisa: em qual campo predominantemente se dá a fluidez das ideias em cada indivíduo, no pensamento ou na fala, seja este processo inato ou construído.
Independente de qual é o seu, penso que a comunicação acontece não no diagnóstico da tendência de digestão das ideias mas sim na capacidade de gerar respostas claras e efetivas a partir da interseção entre a fala e o pensamento. Unir a concepção desses dois processos na comunicação verbal é um verdadeiro tango, você deve saber, uma dança desafiadora que pode se tornar mais leve, certeira e bonita à medida do exercício. É por isso que eu acredito sem medo que a comunicação é muito mais do que uma habilidade ou competência, é uma inteligência disponível pra todo mundo manusear como instrumento de busca e análise de si para colocar-se no mundo com mais transparência e convicção.
Tem quem revele pensamentos através da fala e tem quem fale para se sentir capaz de gerenciar os pensamentos; assim como a conexão com a mente do outro pode se dar através do diálogo, o ritmo e o pulso da fala podem traduzir não só os pensamentos como também os sentimentos de alguém; atributos como organizado, confuso, fluido, travado, calmo, apavorado, por exemplo, caracterizam constantemente e paralelamente os substantivos pensamento e fala pois partem da mesma origem e se colocam como desafios perante o mesmo objetivo, comunicar.
É nisso e em mais um pouco que penso quando associo beleza à comunicação, sabe? Comunicar é um verdadeiro gesto de disponibilidade e dedicar-se à busca de uma comunicação verdadeira que parta de si como objeto de estudo para a criação de um projeto autêntico na missão de existir e ocupar o seu lugar na atmosfera humana é no mínimo admirável. Ou seja, é o máximo!
Pelo menos até que tenhamos em mãos um cabo USB para conectar cérebros humanos, a comunicação é o que nos cerca com mais possibilidades de manter as antenas de pé, estimular a conexão humana e sentir o calor do abraço mesmo sem estar perto.
Verbalmente ou não, cultivemos o que nos coloca juntos. Um viva à comunicação!


Psicologia
Comunicação e
Desenvolvimento Humano