Conexões e Desconexões, a vida em movimento

Beatriz Ferraz

Desde que nascemos o mundo vai se apresentando para nós, aquilo que temos afinidade nós vamos aderindo, o que não gostamos descartamos, e assim vamos diariamente construindo quem somos. Gosto de pensar que nós somos a soma de muitas coisas e principalmente de considerar que há espaço suficiente para agregar cada vez mais. No entanto, acredito que vez ou outra é bom fazermos uma análise pessoal sobre o que vamos acrescentando em nosso enredo. Tem coisas que um dia fizeram sentido e hoje não fazem mais.

Dizer adeus para partes de nós muitas vezes é difícil, pois foram tantos dias que aquelas partes foram importantes que é estranho falar que agora elas não nos pertencem mais. Eu mesma já experimentei esse processo inúmeras vezes e em alguns casos desapegar foi doloroso. Tenho certeza de que você já passou por isso também. Sonhos, ideias, pessoas, relações, lugares, que um dia foram fundamentais em nossas vidas vão sendo substituídos ou transformados. Não quero com isso dizer que tudo é descartável, muito pelo contrário, honrar tudo aquilo que já vivemos é essencial, mas é libertador admitir que nós também mudamos e que algumas conexões não fazem mais sentido.

Algumas conexões serão para a vida inteira, família e amigos que acompanham nossa jornada a tempos, lugares que parecem casa, sabores que nos dão aquela sensação de pertencimento, abraços que parecem nos curar, todos temos esses presentes divinos que nos fazem lembrar que somos amados pela vida. Outras conexões serão desfeitas pelo tempo ou até mesmo por alguém que preferiu seguir seu caminho sem estar ligado a nós. Aceitar que o outro não quer caminhar mais ao nosso lado também é difícil, ainda mais se ele é importante para nós, mas como não respeitar a vontade deste que é um ser livre para trilhar sua própria jornada? A nós, acredito que caiba apenas desejar que sejam felizes onde quer que seus corações queiram fazer morada.

Aprendi, depois de muitos tropeços a não brigar com a vida. Eu já quis tantas vezes que a realidade fosse aquela que eu pensava ser a melhor e não a que se apresentava. Já quis que pessoas permanecessem a qualquer custo, fiz questão de tanta coisa, já precisei fazer força, mas compreendi que se precisa forçar é porque não é “meu”. O tempo me ensinou a soltar e confiar, assim o que é “meu” fica leve. Coloco aqui o “meu” entre aspas justamente para me lembrar que nada é meu de fato, tudo me foi emprestado, inclusive esse corpo que me permite vivenciar essa vida terrena, mas que ao final do tempo terei que devolvê-lo à terra.

O controle é uma ilusão, podemos até gerir nossas ações em busca dos resultados que almejamos, mas não podemos controlar os resultados. Durante a vida vamos fazer e desfazer muitos laços, reatar alguns outros que achávamos que estavam perdidos, e essa é a magia. Compreender que a vida flui, que nada é permanente é libertador. Meu convite aqui é que você tente, solte tudo aquilo que você julgue ter ou controlar, você vai sentir como a vida é maravilhosamente surpreendente. Confie que tudo o que tiver que acontecer vai acontecer, fortaleça sua conexão com Deus, com o Universo, com a Natureza, ou com qualquer coisa que te faça lembrar que você está vivo, mas sobretudo conecte-se consigo mesmo, você é e sempre será a conexão mais importante da sua vida.

Desejo que você confie na magia da vida!

Grande abraço cheio de luz!

Bia